quinta-feira, 21 de junho de 2012

Lasanha alternativa (por Felippe Pompeo)



Minha ideia era fazer uma espécie de escondidinho de frango. Fiquei inspirado pela receita de Torta de Batata que a Sheila postou no blog e pensei: porque não? Mas o acaso está com a gente. Ele nos protege e nos influencia. Ele – o acaso – é o grande divisor de caminhos previstos e você acaba percorrendo outro, mesmo que lá no fim as coisas se cruzem de uma forma ou de outra.

Comprei os insumos, tudo belezinha. Então chego em casa e a internet não funcionava. Lá se vai minha cola da receita. O que fazer? Improvisar - é claro. A começar pelo fato de eu nunca ter feito um escondidinho na vida e não saber qual é o ponto exato do “creme” que vai por cima da carne que você escolher. Então a solução para um jantar de sucesso foi seguir com o plano e ver no que dava. O plano era o seguinte: faria um recheio bacana de frango desfiado e cobriria com a tal torta da Sheila. E vamos ao que rolou.

Eu tinha um peito de frango gigante – mais ou menos umas 600 gramas – e optei por usar metade dele (congelei a outra metade). Numa panela eu o cobri com água, pimenta do reino, um tempero para frango qualquer (desses que sobram na geladeira), e um pouco de salsinha (só pra dar um brilho, se é que você me entende). Cozido, peguei o bichinho e desfiei. Dá trabalho, mas é muito gostoso peito de frango desfiado.

Numa frigideira derreti manteiga (sempre sem sal e use margarina apenas se você tiver só margarina) e suei uma cebola média (usei a roxa). Depois coloquei o frango desfiado e uma lata de tomate pelado. Perceba que estou dizendo “eu fiz isso, eu fiz aquilo”, justamente para forçar a coisa do acaso. Deixe reduzir esse molho de tomate. Tempere com sal e pimenta. Prove (nunca deixe de provar). Gosto de abrir a geladeira e ver o que está sobrando e prestes a perecer. Havia um requeijão no fim, uma colher de sopa exatamente. Usei e curti a cor que deu. Tinha um leite indo pro brejo e coloquei ele também (algo como meia xícara de chá). Deixei ali mais um tempo até reduzir bem bacana. Coloquei uma colher de sopa de amido de milho (Maisena - é claro, a melhor. O resto tem gosto de amido. Dissolvida em meio copo americano). Reservei.

Aí aquela tal de torta de batata. Net não voltava. Não sabia o que fazer... Comecei ralando batatas, uma por uma, até ter a quantidade suficiente. No fim das contas foram três batatas raladas. Aqueci mais manteiga, suei mais cebola (dessa vez a comum mesmo) e joguei a batata. Lembrava-me que na torta ia leite. Coloquei o suficiente para virar um creme. Aí a gente percebe que amido é coisa séria, ainda mais se for amido de batata. A coisa engrossou de tal forma que foi preciso abaixar o fogo e ir colocando mais leite, pois eu queria a batata desmanchando. Provei e estava com um gosto estranho de arroz. Rs. Sério. Coloquei mais uma colher de manteiga, glutamato (o Ajinomoto), sal e noz moscada (todo molho branco vai noz moscada). Aí ficou bacana.

Em uma forma eu despejei o frango. Por cima dele veio mais uma sobre de geladeira – uma couve flor que havia sobrado do Yakissoba. Uma boa técnica de congelar um legume é pré cozinhá-lo (cinco minutos na água fervente e depois direto para a água corrente da pia, sendo que o certo é água com gelo, mas além de dar mó trampo, nesse frio que anda fazendo a água corrente é o suficiente para quebrar o cozimento) embalar e freezer! Enfim... Piquei as sobras de couve flor e distribuí em cima do frango. Em seguida um pacote inteiro de queijo parmesão ralado (qualquer um, só pra dar um tchã). Joguei o “creme de batatas” e finalizei com fatias de queijo prato (como dizia a receita da Sheila) cerca de 150 gramas. No fim das contas fui perceber que o colorau fez uma baita falta, mas não havia no único mercado que resolvi parar no caminho de casa. Quase comprei páprica picante, mas fiquei com medo.

Forno. Todo o processo que parece frescura é importante. Pré aqueça no talo, no máximo, no vulcão das fendas da perdição. Depois de dez minutinhos abaixe para 180° e coloque a massaroca lá dentro. Vá ver Friends, Walking Dead, Big Bang Theory, He-Man, Jaspion, You Tube... Eu estou vendo Game Of Thrones. Eu poderia dizer aqui trinta minutos, mas quando você cozinha há tempos você se deixa levar por outras coisas além do tempo... O cheiro, por exemplo. Existe o cheiro do “está pronto”. Se estiver inseguro deixa o queijo derreter e o molho borbulhar.


Aí foi isso. Tirei do forno e vi o que havia acontecido. Cortei um pedaço para tirar a foto e disse “poxa, virou uma lasanha alternativa”. O gosto? De comer a tigela toda. 

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